Agora, pois,
perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.
Êxodo 32:32
Em um debate
sobre perseveração dos santos, houve uma citação que me intrigou e levou-me a
questionar sobre o versículo supracitado, indagando-me na hipótese de perca da salvação. Moisés cita duas palavras pertinentes “riscar” e “teu
livro”.
É sabido que a
escritura assevera de maneira enfática a perseveração dos santos, há inúmeras passagens
que corroboram com esse ponto na soteriologia reformada, a segurança da
salvação está intrinsecamente ligada à Ordo Salutis, ou seja, a ordem dos
eventos que diz respeito a salvação, tal doutrina foi veementemente defendida
pelos reformadores no Sínodo de Dort.
Sinodo de Dort Capitulo V - Artigo 8 — A graça do triuno Deus
preserva - Assim, não é pelos seus
próprios méritos ou força, mas pela imerecida misericórdia de Deus, que eles
não se desviam totalmente da fé e da graça nem permanecem caídos para se
perderem totalmente no final. Quanto a eles, isto facilmente poderia acontecer
e aconteceria sem dúvida. Mas quanto a Deus, não há a menor possibilidade de que
isso aconteça, pois o Seu conselho não pode ser mudado; a Sua promessa não pode
falhar; o chamado segundo o Seu propósito não pode ser revogado; o mérito, a intercessão
e a proteção de Cristo não podem ser anuladas; e o selar do Espírito Santo não
pode ser frustrado nem destruído. Sl
33.11; Hb 6.17; Rm 8.30, 34; 9.11; Lc 22.32; Ef 1.13. Refutando
assim doutrinas contrárias e obscuras que trazem duvidas aos neófitos e apreensão
aos fracos na fé.
Sínodo de Dort Capitulo V - Erro 1 — A
perseverança dos verdadeiros crentes não é fruto da eleição nem um dom de Deus obtido
pela morte de Cristo, mas é uma condição da nova aliança que o homem tem a
obrigação de cumprir pelo seu livre-arbítrio antes da sua assim chamada eleição
e justificação decisivas.
Refutação — A Sagrada Escritura testifica que a
perseverança segue-se à eleição e é concedida ao eleito pela virtude da morte,
ressurreição e intercessão de Cristo: “mas a eleição o alcançou; e os mais foram
endurecidos” (Rm 11.7). E também: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho,
antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele
todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos
separará do amor de Cristo?” (Rm 8.32-35). Com essa
certeza que as sagradas escrituras demostra a todos os eleitos e como o
Apostolo Paulo consola aos Filipenses dizendo: “Tendo por certo isto mesmo, que
aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará ate o dia de Jesus Cristo.”(
Fp1.6) chegamos a conclusão que Moisés só poderia estar falando de outro “livro”,
não o livro da vida aos qual os eleitos tem o nome escrito desde a fundação do
mundo. Ap. 17:8; 13:8.
Mas afinal,
que livro é esse?
O salmista
nos dá uma resposta, vejamos: Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam
inscritos com os justos. Sl 69:28; Veja, o Salmista se refere ao LIVRO DOS
VIVOS.
Clemente Romano
escrevendo aos Coríntios, diz o seguinte sobre o texto de Ex 32.32 - Quando
Moisés subiu a montanha e passou quarenta dias e quarenta noites no jejum e na
humildade, Deus lhe disse: “Desce depressa, pois o teu povo, aquele que fizeste
sair do Egito, violou a lei. Eles depressa se afastaram do caminho que tu lhes
tinhas ordenado, e fizeram para si ídolos de metal derretido”. E o Senhor lhe
disse: “Eu te falei uma vez e até duas, dizendo: Vi este povo, e eis que é povo
de cabeça dura. Deixa-me exterminá-los. Apagarei o nome deles debaixo do céu, e
farei de ti uma nação, grande e admirável muito mais numerosa do que essa.” E
Moisés respondeu: “De modo nenhum, Senhor. Perdoa o pecado desse povo ou
cancela-me, também a mim, do livro dos vivos. [ Patrísticas – Padres Apostólicos,
Vol I, Paulus, pág. 30] – a clareza do texto aqui reafirma a exegese que aponta
para uma conclusão – TRATA-SE DO LIVRO DOS QUE ESTÃO VIVOS.
Assim concluímos
que este versículo não trata de perca de salvação ou da doutrina instável de
salvação por meritocracia (hora salvo, hora condenado) ou ainda de riscar o
nome do livro da vida, trazendo uma perspectiva sombria aos corações, pois sabemos
que somos incapazes de produzir boas obras para sermos salvos e que a nossa
certeza encontra-se na graça salvadora e eficaz realizada por Cristo no
calvário, o versículo subsequente assevera esta conclusão,
Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do
meu livro. Êxodo 32:33, ou seja - a morte física - não a rejeição e condenação espiritual
a qual se dá a todos os preteridos, onde poderemos discorrer em outro artigo.
Que o Eterno abençoe
e ilumine a todos, e que a certeza da vida eterna possa repousar no coração de
todos aqueles que foram chamados graciosamente por Cristo!
TEOLOGIA |
SOTERIOLOGIA | VIDA CRISTÃ
Por Paulo
César da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário