por DR. WES BREDENHOF
Há alguns anos, participei de um culto de adoração de uma igreja vizinha que não era reformada. O que mais me impressionou foi onde eles dão ênfase na adoração. O trabalho inicia com música. Um conjunto com cantores estava no palco. Eles cantaram diversas formas de louvor e adoração. Por fim, o líder de louvor disse: “Agora que a adoração acabou, nosso pastor se aproximará e dará sua mensagem”. A “mensagem” foi ironicamente frustrante depois da emocionante “experiência de adoração”. A ênfase desta igreja parecia-me bastante evidente.
Uma das características das igrejas reformadas é a doutrina dos meios de graça. Essa doutrina, quando conscientemente preservada, também desenvolve um culto reformado específico. Você pode dizer que está em uma igreja reformada, quando os meios de graça são considerados relevantes à adoração da igreja. A ênfase de um culto de adoração reformada é o ministério da Palavra e os Sacramentos. Vejamos como estas coisas funcionam como meios de graça, uma vez que elas precisam permanecer como nosso objetivo.
O primeiro meio de graça é a leitura e a pregação da Palavra de Deus. A Escritura é aberta, lida e exposta. A Lei de Deus é aplicada à congregação. A congregação é devidamente informada de seus pecados e misérias. Isso tem o duplo propósito de tornar-nos humildes na presença de um Deus santo, e então, também, de nos conduzir a cruz de Cristo Jesus. Essa aplicação da Lei concretiza-se com a leitura dos Dez Mandamentos, mas também por intermédio da leitura e pregação de outras passagens das Escrituras. O Evangelho também é aplicado para o consolo da congregação. O povo de Deus é encorajado com as promessas de seu amor e salvação em Jesus. Isso ocorre em muitas igrejas reformadas com a certeza do perdão, mas depois, claro, também através da leitura e proclamação da Palavra de Deus. Por fim, a vontade de Deus expressa em sua Lei também é exercida sobre uma congregação agradecida. Somos instruídos a boa vontade de Deus para as nossas vidas, e demonstramos nosso amor por esse Deus gracioso que tão profundamente nos amou. Isso também acontece através da leitura e pregação da Escritura.
A Escritura é um meio de graça porque é assim que Deus planeja abençoar o seu povo quando Ele o encontra. Sua intenção é abençoá-los por intermédio de sua Palavra. Por meio de sua Palavra, a voz do Bom Pastor é ouvida. É ouvida quando Ele repreende, conforme Ele consola e instrui. Quando realizado fielmente, não apenas ouvimos uma voz humana quando um ministro prega. A pregação fiel da Palavra de Deus é a Palavra de Deus — “E nós também somos gratos a Deus constantemente por isso, que quando você recebe a Palavra de Deus, a qual você ouviu de nós, você a aceitou não como a palavra dos homens, mas como o que realmente é, a Palavra de Deus, que atua em vós crentes”. (1 Ts 2:13). O outro meio de graça, é a administração dos Sacramentos. As Igrejas Reformadas administram os Sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor, seguindo o comando de Cristo e dos seus apóstolos. O Batismo é administrado como o sacramento de iniciação. Por meio do batismo, somos admitidos publicamente na aliança e na igreja de Deus. Através do batismo, recebemos o sinal e o selo das promessas da aliança de Deus. Deus está demonstrando uma atitude graciosa para com aqueles que recebem o batismo. No entanto, em cada batismo, toda a congregação é favorecida com a graça de Deus. Somos todos visualmente lembrados, de como o nosso Deus gracioso nos abordou pela primeira vez e nos levou para os seus. Veja, o batismo não fala somente àqueles diretamente envolvidos no batismo (aquele que está sendo batizado e aos pais), mas a toda a congregação!
A Ceia do Senhor é administrada como o sacramento de nutrição. É frequente que muitos vejam a Ceia do Senhor apenas como um memorial, semelhante a colocar flores no túmulo de um ente querido que partiu. A visão reformada inclui um aspecto memorial, mas é muito mais que isso. Neste sacramento, Jesus Cristo está verdadeiramente presente em sua Divindade, Majestade, Graça e Espírito. Ele está presente para abençoar os crentes que participam do pão e do vinho na fé. Ele os refrescará e os nutrirá, fortalecendo sua fé. Por intermédio da Ceia do Senhor, somos verdadeiramente alimentados pelo próprio Salvador.
Os Sacramentos são meios de graça porque também é assim que Deus quer abençoar seu povo quando se encontram com ele. Ele quer continuar dando a eles o inverso do que eles merecem, em vista de continuarem pecadores. Ele reivindica essas pessoas pecaminosas para si, e as alimenta com alimento e bebidas espirituais. Além disso, nosso gracioso Deus sabe que a Palavra é frequentemente recebida com fraqueza. Compreender sozinho é difícil para nós como criaturas pecaminosas. Então, em sua graça, Ele acrescenta esses dois Sacramentos multissensoriais do batismo e da Ceia do Senhor. Agora, por que esses meios de graça são o centro de um culto reformado?
Por que essas coisas são o foco e a ênfase? Isso remonta ao pacto da graça. O pacto é um relacionamento entre Deus e o Seu povo. Quem permanece no centro desse relacionamento? Não eu ou você. Não, Jesus Cristo que permanece no centro como o Mediador da Aliança. Ele é aquele que “lubrifica as engrenagens” desse relacionamento. Se um culto de adoração é reflexo deste relacionamento de Aliança, não deveria Cristo e seu ministério permanecerem no centro? O foco não deveria estar em Cristo, em seu ministério da Palavra e nos Sacramentos, uma vez que Ele “lubrifica as engrenagens”? Há uma lógica reformada distinta em nosso foco nos meios de graça e tem tudo a ver com o pacto da graça.
Sim, é claro, ainda há lugar para nossa resposta na oração e na música. O relacionamento de Aliança é bilateral e Deus espera que seu povo responda a Ele. Em virtude da Aliança, ambos devem existir, em nosso culto de adoração. Essa não é a questão. Ninguém jamais disse que a oração e a música deveriam ser extintas na adoração reformada. A questão é: onde está o nosso foco? O que está no centro? Qual é a principal atração em um culto de adoração reformada? A resposta precisamente reformada, extraída da Escritura, sempre foi: os meios de graça, a Palavra e o ministério dos Sacramentos. Com ênfase na Palavra e no ministério dos Sacramentos, os meios de graça, sua adoração será reformada – isto é, bíblica.
TEOLOGIA | LITURGIA | MEMBRESIA
disponível em: https://revistadiakonia.org/sua-adoracao-e-reformada/
Paulo César Silva é natural de Cruzeiro – SP, mudou-se para Campo Grande - MS aos três anos de idade, onde morou até o ano de 2016, mudou-se nesse mesmo ano para Tauá - CE, onde reside atualmente. É graduado em História pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Historiador CRP - 0000132/CE; membro e 9º presidente (2023-2026) da Academia Tauaense de Letras (ATL); cristão; escritor; arte finalista; assessor de produção literária; capista e diagramador.
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