domingo, 20 de janeiro de 2019

A Cruz Celta – Origens e Significado


 
       Quando se trata de símbolos, há muitas controvérsias e confusões, às vezes acusações sem base ou sem nexo... às vezes até desculpas chulas. Eu, como bom amante de polêmica, resolvi tomar esse símbolo e esclarecer, de forma clara e objetiva, suas origens e seu significado.
            Antes de qualquer coisa, você pode estar se perguntando: que coisa é essa? Bem, cruz céltica (ou cruz celta) é uma cruz com um círculo ao centro, também podendo ter as bordas internas da cruz neste círculo arredondadas.
            E os celtas, que povo é esse? Calma, vou explicar. Os celtas são um povo inicialmente pagão que viveu na saxônia, ou seja, na região do Reino Unido (Inglaterra, Escócia e irlandas). Deste povo temos lendas como a Jack O’Lantern, aquela abóborazinha engraçada que os estadunidenses confeccionam na época do Halloween.
            Bem, com os termos esclarecidos, vamos entender a história da cruz celta e seu significado?
            A cruz céltica não tem uma origem clara. Autores como Geraldo Cantarino explicam que o termo é meio difícil de explicar, tendo um pouco de confusão sobre seu início.  O que sabemos é que os celtas tinham um tipo de “cruz” circundada. Segundo alguns autores, significava os quatro elementos, aqueles que muitos filósofos gregos tanto falam: ar, terra, fogo e água. O círculo significava o sol. Como a maioria dos povos pagãos, sejam eles mesopotâmicos, gregos, egípcios, enfim..., o sol, para os celtas pagãos, era um deus.
            As cruzes celtas (cristãs) foram encontradas no Reino Unido, onde residiam os celtas anteriormente pagãos. Seu uso passou a ser um símbolo comum a partir do século IV.
As raízes dessa cruz fazem voltar à eternidade passada. Antes mesmo do homem ter caído, quebrando a relação com Deus, Deus havia planejado o evento que iria efetuar a cura dessa relação para todos os que confiam nele.
Se as raízes dessa cruz podem alcançar a eternidade passada, os efeitos dessa cruz podem se estender à eternidade futura. A missão de Cristo ao morrer era oferecer a si mesmo como o sacrifício que iria satisfazer a justiça divina pelos crimes espirituais dos seres humanos. Através de sua morte, a vida com Deus que foi perdida no Éden seria restaurada para aqueles que confiam nele. Esta vida começaria em tempo real e iria durar para sempre, transformando até mesmo a morte física em ressurreição. Ele disse, em referência à sua morte iminente por crucificação, "Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna" (João 3.14-15).
Cerca de 2000 anos atrás, em um dia real no calendário, talvez em abril de 33 d. C., a eternidade circulou a cruz do meio naquele dia.
Sabemos que os celtas foram convertidos ao cristianismo pela mensagem redentora de Cristo levada por José de Arimateia, e também por escravos fugidos por volta do ano 77 d. C., sendo criada a Igreja Celta. Devido a isso, evangélicos carismáticos, ou afins, alegam que a cruz céltica, no sentido cristão, é um símbolo pagão.
Agora fica a pergunta, qual é a simbologia da cruz celta, além da que eu disse?
1)      Essa cruz é um símbolo da eternidade, que enfatiza a vida eterna no céu para os eleitos de Deus.
2)      O amor gracioso de Deus, como mostrado através da crucificação de Cristo.
3)      O círculo é associado à ideia da Santa Ceia, pois o círculo lembra os moinhos de trigo da Escócia Antiga.
4)      A coroa de espinhos.
5)      A coroa de Cristo.
6)      A ressurreição de Cristo.
7)      Uma auréola.
8 )      Uma possível versão da Chi Rho, a cruz que apareceu à Constantino em 312 d. C.
9)      Uma outra aplicação de sugestão, embora improvável, que o círculo poderia ser simplesmente um suporte estrutural  para os braços horizontais, uma vez que a cruz era feita de pedra.
Assim como a sarça ardente, é um dos grandes símbolos do presbiterianismo. É um tradicional símbolo presbiteriano, representa o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o plano da ação redentora de Cristo determinado pelo Pai, além da presença dEle na Igreja e o seu plano desde a Criação. O círculo dá uma ideia de continuidade, podendo ser parafraseado com o lema: "Ecclesia Reformanda semper reformata est (Igreja Reformada: sempre reformando!)".
Os celtas são um grande exemplo de espiritualidade. “O cristianismo conhecido como “celta” floresceu na Irlanda, na Escócia, no País de Gales e mesmo em partes da Inglaterra, grosso modo, do quarto ao décimo séculos. São conhecidos os nomes de missionários celtas como Patrício, Columba e Columbano, que evangelizaram o norte das Ilhas Britânicas e vastas partes do continente europeu. Mas o cristianismo celta floresceu, humanamente falando, não apenas devido ao trabalho dos missionários mais conhecidos, mas também devido ao esforço de incontáveis anônimos, pessoas sinceras em sua fé, que viviam o cristianismo com “alegria e singeleza de coração”. Foi um cristianismo que desenvolveu características próprias, que o tornavam distinto do cristianismo de inspiração romana que florescia na Europa continental no mesmo período. O cristianismo celta tinha muitas características notáveis. Entre tantas, destaca-se aqui apenas a que interessa diretamente aos propósitos desta breve reflexão: um modelo de espiritualidade centrado na criação.
Os celtas desenvolveram uma teologia que enfatizava uma visão de Deus como Senhor da criação. Ainda que não haja nada de original nesta perspectiva — os cristãos celtas não foram os inventores desta teologia —, não se pode deixar de mencionar que há diversas implicações práticas dessa visão. Uma dessas consequências é exatamente ter uma atitude constante de júbilo e regozijo na criação, que revela Deus. Como os celtas eram um povo com forte inclinação à poesia, produziram muitas poesias comoventes, louvando a Deus pela obra da criação.” Rev. Carlos Caldas (é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Leciona na Escola Superior de Teologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo). Revista Ultimato, Edição 294.
A cruz celta é amplamente utilizada pelas igrejas de tradição reformada, como os presbiterianos, batistas reformados e anglicanos reformados. Isso porque essas igrejas tiveram origem na Escócia. Há também uma ala da igreja romana que a utilizam, mas são casos bem remotos.
Em países europeus como Irlanda, Escócia, principalmente, e Portugal, a cruz celta é o símbolo maior da Igreja Presbiteriana, especialmente no caso deste último, e reconhecido como tal. Todavia, sua utilização não é fechada a esse continente, sendo utilizada em todo o mundo, deste os EUA, Brasil e até a África.
No Brasil, igrejas como a Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja Anglicana Reformada, Igreja Presbiteriana Independente e Igreja Presbiteriana Unida utilizam a cruz celta. Essas duas últimas, por exemplo, a tem em suas logomarcas oficiais.
Hoje, utilizar a cruz celta nas igrejas não é só um adorno ou uma forma de enfeitar a igreja, mas sim uma forma de mostrar sua identidade, mostrar sua herança da Reforma Protestante do século XVI. É uma forma de demonstrar a soberania de Deus, de entender seu plano e entregar nossos planos a Ele.

História | História da igreja | Reforma

Disponível em: http://christofercruz.blogspot.com/2013/03/a-cruz-celta-origens-e-significado.html?m=1

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